domingo, 9 de outubro de 2011

Sobre o significado de: OM MANI PADME HUM


A joia está na flor de lótus ou louvor à joia na flor de lótus.

por Sua Santidade Tenzin Gyatso, o décimo quarto Dalai Lama do Tibete. 

É muito bom recitar o mantra OM MANI PADME HUM, mas enquanto você o está fazendo, deveria pensar em seu significado, pois o significado das seis sílabas é vasto e incomensurável. A primeira, OM, é composta de três letras puras: A, U e M. Elas simbolizam o corpo, a fala e a mente impuros do praticante; elas também simbolizam o corpo, a fala e a mente pura e nobre de um Buda. 

O corpo, a fala e a mente impuros podem ser transformados em corpo, fala e mente puros, ou elas são completamente separadas? Todos os Budas são casos de seres que eram como nós, então, por sua confiança no caminho, tornaram-se iluminados; o budismo não afirma que exista alguém que, desde o começo, é livre de faltas e possui todas as boas qualidades. O desenvolvimento do corpo, da fala e da mente puros vem do abandono gradual dos estados impuros, assim seu ser se torna puro. Como isso é feito? 

O caminho é indicado pelas próximas quatro sílabas. MANI, significando joia, simboliza o elemento do método: a intenção altruística de se tornar iluminado, compaixão e amor. Da mesma forma que uma joia é capaz de afastar a pobreza, a mente altruística da iluminação é capaz de remover a pobreza, ou dificuldades, da existência cíclica e da paz solitária. Igualmente, da mesma forma que uma joia preenche os desejos dos seres sencientes, a intenção altruística de se tornar iluminado preenche os desejos dos seres sencientes. 

As duas sílabas PADME, significando a flor de lótus, simbolizam a sabedoria. Da mesma forma que a flor de lótus cresce a partir da lodo, mas não é manchado por ele; assim, a sabedoria é capaz de o colocar em uma situação de não contradição, onde deveria ela deveria ocorrer, caso você não tivesse sabedoria. Existe a sabedoria que compreende a impermanência; a sabedoria que compreende que as pessoas são vazias de autossuficiência ou real existência; a sabedoria que compreende o vazio da dualidade (o que significa a discriminação de natureza entre sujeito e objeto); e a sabedoria que compreende o vazio inerente à existência. Embora possam existir diferentes tipos de sabedoria, a principal, dentre todas elas, é a de compreender o vazio. 

A pureza pode ser alcançada por uma unidade indivisível de método e sabedoria, simbolizada pela sílaba final HUM, que indica a indivisibilidade. De acordo com o sistema sutra, essa indivisibilidade de método e sabedoria refere-se a uma consciência na qual existe uma forma completa de tanto sabedoria afetada pelo método quanto método afetado pela sabedoria. No mantra, ou veículo tântrico, isso refere-se a uma consciência na qual há uma forma completa de ambos sabedoria e método como uma entidade indiferenciável. Em termos de sílabas germinais dos cinco Budas conquistadores, HUM é a sílaba germinal de Akshobhya – o impassível, o imperturbável, que não pode ser perturbado por nada. 

Assim, as seis sílabas, OM MANI PADME HUM, significam que na dependência da prática, que é em uma união indivisível de método e sabedoria, que você pode transformar seu corpo, fala e mente impuros no corpo, fala e mente puros de um Buda. É dito que você não deve buscar pela budeidade fora de si mesmo; o material para o alcance da budeidade estão dentro de si. Como Maitreya diz, em sua SUBLIME CONTINUIDADE DO GRANDE VEÍCULO (UTTARA TANTRA), todos os seres naturalmente tem a natureza de Buda em sua própria continuidade. Nós temos dentro de nós a semente da pureza, a essência de um Caminhar Assim (TATHAGATAGARBHA), que é para ser transformada e completamente desenvolvida em budeidade. 

(Da palestra dada por Sua Santidade O Dalai Lama do Tibet no Centro Budista Mongol Kalmuck, Nova Jersey.) Transcrito por Ngawang Tashi (Tsawa), Drepung Loseling, MUNGOD, INDIA. 

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