Monte Wutai visto do alto. |
Havia um leigo devoto de Daizhou - seu nome foi perdido - que em alguma época dentre os seus vinte anos, decidiu escalar o Monte Wutai, para cultuar [Mañjusri]. Ele esteve com um monge solitário, que em seguida o conduziu em direção ao lado oriental do pico oeste. Lá, eles estabeleceram uma moradia solitária. A construção parecia uma lar doméstico comum. Entretanto, havia dentro da residência mais de cem monges. O homem que o trouxe lá perguntou, "Você é capaz de ficar aqui para cultivar o caminho conosco?", ao que ele respondeu, "Eu sou."
O homem leigo ficou na casa por mais de meio ano. Os monges de lá viviam principalmente de ervas medicinais e bolos, que eram, às vezes, complementados com frutas e legumes. Eles viviam uma existência pura e frugal, em grande parte como os seres espirituais vivem. Eles falavam muito pouco.
Para o sul do poço, do qual eles retiravam sua água, o leigo, uma vez, descobriu um canteiro, contendo uma planta carregada de folhas com uma única haste. As folhas dela eram tão grandes quanto as da planta de lótus. Quando ele foi investigar, descobriu que ela era fácil de ser alcançada. Ele ia lá diariamente para pegar folhas, retirando tanto quanto a metade das folhas da planta em uma única jornada. Quando ele retornava, no dia seguinte, ele encontrava as folhas completamente crescidas de volta. De início, ele considerou isso muito estranho, mas, conforme o tempo passava, ele parou de prestar uma atenção particular ao fato. Juntando ervas com os monges dessa maneira, os dias e meses pareciam passar sem que fossem notados.
Finalmente, chegou o dia em que ele pediu para voltar para casa. Os monges o deixaram partir sem a menor objeção. Ele voltou para casa [em segurança], mas depois de passar apenas algumas noites lá, ele voltou correndo de volta a Wutai. As encostas das montanhas e o vale estavam exatamente como eram antes, mas não havia nenhum sinal [dos monges e suas coisas]. Ele procurou por todo lado e fez perguntas, e descobriu que aquela região tinha sempre sido serena e inabitada. O homem suspeita que [os monges] eram santos [de Wutai], e ele tem sido muito infeliz desde então. Quando eu o encontrei ele já tinha mais de setenta anos de idade.
Fonte:
ANONIMO. "A miracle tale". In: JR., Donald S. Lopez (ed.). Buddhist Scriptures. London: Penguin Books, 2004. p. 88-89.
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