Quem souber a autoria da caricatura, por favor, avise-me! |
Para quem visita esse blog, está muito claro o meu gosto pela música. Agora, decidi traduzir um texto de outro declarado apreciador da arte dos sons, o filósofo Arthur Schopenhauer (1788 - 1860), que, contra o pensamento estético de Hegel - muito forte em alguns lugares também aqui no Brasil -, que via na poesia a mais elevada das artes, pensava a música como uma forma de conhecimento e como a mais elevada das artes - por isso a discórdia ao fim do texto. Não encontrei esse texto em nenhuma biblioteca virtual, por isso o transcrevo abaixo, seguido da tradução. Ele foi retirado de um livro sobre música chamado Lust an der Musik (O Prazer da música), que me foi dado de presente pela minha amiga Elis Piera Rosa - Obrigado, Elis!
Musik als allgemeine Sprache
Die Musik ist die wahre
allgemeine Sprache, die man überall versteht: daher wird sie in
allen Ländern und durch alle Jahrhunderte, mit großem Ernst und
Eifer, unaufhörlich geredet, und macht eine bedeutsame, vielsagende
Melodie gar bald ihren Weg um das ganze Erdenrund; während eine
sinnarme und nichtssagende gleich verhallt und erstirbt; welches
beweiset, daß der Inhalt der Melodie ein sehr wohl verständlicher
ist. Jedoch redet sie nicht von Dingen, sondern von lauter Wohl und
Wehe, als welche die alleinigen Realitäten für den Willen
sind: darum spricht sie so sehr zum Herzen, während sie dem Kopfe
unmittelbar nichts zu
sagen hat und es ein Mißbrauch ist, wenn man ihr dies zumutet, wie
in aller malenden
Musik geschieht, welche daher, ein für allemal, verwerflich ist;
wenngleich Haydn und Beethoven sich zu ihr verirrt haben: Mozart und
Rossini haben es, meines Wissens, nie getan. Denn ein anderes ist
Ausdruck der Leidenschaften, ein anderes Malerei der Dinge.
Auch die Grammatik jener allgemeinen Sprache ist aufs Genaueste
reguliert worden; wiewohl erst seitdem Rameau den Grund dazu gelegt
hatte. Hingegen das Lexikon, ich meine die, laut Obigem, nicht zu
bezweifelnde, wichtige Bedeutung des Inhalts derselben, zu
enträtseln, d. h. der Vernunft, wenn auch nur um allgemeinen,
faßlich zu machen, was es sei, das die Musik, in Melodie und
Harmonie, besagt, und wovon sie rede, dies hat man, bis ich es
unternahm, nicht einmal ernstlich versucht; – welches, wie so
vieles andere, beweist, wie wenig überhaupt zur Reflexion und zum
Nachdenken geneigt die Menschen sind, mit welcher Besinnungslosigkeit
vielmehr sie dahinleben. Überall ist ihre Absicht, nur zu genießen
und zwar mit möglichst geringem Aufwande von Gedanken. Ihre Natur
bringt es so mit sich. Daher kommt es so possenhaft heraus, wenn sie
vermeinen, die Philosophen spielen zu müssen; wie an unsern Philosophieprofessoren, ihren vortrefflichen Werken und der
Aufrichtigkeit ihres Eifers für Philosophie und Wahrheit zu sehn
ist.
Allgemein und zugleich populär redend kann man den Ausspruch wagen:
die Musik überhaupt ist die Melodie, zu der die Welt der Text ist.
Den eigentlichen Sinn desselben aber erhält man allein durch meine
Auslegung der Musik.
Nun aber das Verhältnis der
Tonkunst zu dem ihr jedesmal aufgelegten bestimmten Äußerlichen,
wie Text, Aktion, Marsch, Tanz, geistliche, oder weltliche
Feierlichkeit usw. ist analog dem Verhältnis der Architektur als
bloß schöner, d. h. auf rein ästhetische Zwecke gerichteter Kunst
zu den wirklichen Bauwerken, die sie zu errichten hat, mit deren
nützlichen, ihr selbst fremden Zwecken sie daher die ihr eigenen zu
vereinigen suchen muß, indem sie diese under den Bedingungen, die
jene stellen, doch durchsetzt, und demnach einen Tempel, Palast,
Zeughaus, Schauspielhaus usw. so hervorbringt, daß es sowohl an sich
schön, als auch seinem Zwecke angemessen sei und sogar diesen, durch
seinen ästhetischen Charakter, selbst ankündige. In analoger also,
wiewohl nicht ebenso unvermeidlicher Dienstbarkeit steht die Musik
zum Text, oder den sonstigen, ihr aufgelegten Realitäten. Sie muß
zunächst dem Text sich fügen, obwohl sie seiner keineswegs bedarf,
ja, ohne ihn, sich viel freier bewegt: sie muß aber nicht nur jede
Note seiner Wortlänge und seinem Wortsinn anpassen; sondern auch
durchweg eine gewisse Homogeneität mit ihm annehmen und ebenso auch
den Charakter der übrigen, ihr etwan gesetzten, willkürlichen
Zwecke tragen und demnach Kirchen-, Opern-, Militär-, Tanz-Musik u.
dgl. m. sein. Das alles aber ist ihrem Wesen so fremd, wie der rein
ästhetischen Baukunst die menschlichen Nützlichkeitszwecke, denen
also beide sich zu bequemen und ihre selbsteinigen den ihnen fremden
Zwecken unterzuordnen haben. Der Baukunst ist dies fast immer
unvermeidlich; der Musik nicht also: sie bewegt sich frei im
Konzerte, in der Sonate und vor allem in der Symphonie, ihrem
schönsten Tummelplatz, auf welchem sie ihre Saturnalien feiert.
Ebenso nun ferner ist der Abweg, auf welchem sich unsere Musik
befindet, dem analog, auf welchen die römische Architektur unter den
spätern Kaisern geraten war, wo nämlich die Überladung mit
Verzierungen die wesentlichen, einfachen Verhältnisse teils
verstecke, teils sogar verrückte: sie bietet nämlich vielen Lärm,
viele Instrumente, viel Kunst, aber gar wenig deutliche, eindringende
und ergreifende Grundgedanken. Zudem findet man in den schalen,
nichtssagenden, melodielosen Kompositionen des heutigen Tages
denselben Zeitgeschmak wieder, welcher die undeutliche, schwankende,
nebelhafte, rätselhafte, ja, sinnleere Schreibart sich gefallen
läßt, deren Ursprung hauptsächlich in der miserablen Hegelei und
ihrem Scharlatanismus zu suchen ist.
Gebt mir Rossinische Musik, die da spricht ohne Worte! – In den
Kompositionen jetziger Zeit ist es mehr auf die Harmonie, als die
Melodie abgesehn: ich bin jedoch entgegengesetzer Ansicht und halte
die Melodie für den Kern der Musik, zu welchem die Harmonie verhält,
wie zum Braten die Sauce.
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A Música como língua comum
A Música é a verdadeira língua comum, que se entende por todo
lugar: por isso, ela ser comentada ininterruptamente em todas as
terras e através de todos os séculos, com grande seriedade e
entusiasmo, e uma melodia significativa e cheia de sentido fazer o seu percurso torno de todo o mundo muito rapidamente; enquanto
uma melodia pobre de sentido e que não diz nada desaparece e morre;
o que confirma, que o conteúdo da melodia é muito bem entendido.
Porém, elas não falam de coisas, mas nada além da alegria e da
dor, como aquelas únicas realidades são para a Vontade: daí ela
fala muito para os corações; quando ela não tem nada a dizer
imediatamente para a cabeça é um abuso esperar isso
dela, como acontece em toda Música Figurativa, que, por isso, é de uma
vez por todas repreensível; embora Haydn e Beethoven tenham se
perdido por esse caminho; Mozart e Rossini, pelo meu conhecimento,
nunca o fizeram. Pois uma é expressão das paixões, a outra,
pintura das coisas.
Também a gramática dessa língua comum é regulada da forma mais
precisa; embora só desde que Rameau colocou os fundamentos para
isso. Contudo, o vocabulário, eu penso, conforme dito
acima, o importante significado, de que não se pode duvidar, do próprio
conteúdo, quer dizer, a razão, quando também feita palpável
apenas em torno de generalidades, que seria, o que a Música diz na
melodia e na harmonia, e sobre o que ela fala; até onde compreendi, não tentou-se seriamente decifrar nem uma vez; - o que, como tantas
outras coisas confirma absolutamente, o quão pouco as pessoas são
inclinadas à reflexão e ao pensamento; e com que inconsciência, ao
contrário, elas vivem. Em todo lugar é sua intenção, apenas
aproveitar e, de fato, com o menor esforço possível do pensamento.
Sua natureza a traz assim consigo. Portanto, surge assim de modo
farsesco, quando elas pensam ter de interpretar os filósofos; como
é visível aos nossos professores de filosofia, seus excelentes
trabalhos e a sinceridade de seu entusiasmo pela filosofia e pela
verdade.
Em geral e ao mesmo tempo, popularmente falando, pode-se arriscar: a
Música em si é a melodia, para a qual o mundo é o texto. O
verdadeiro significado do mesmo, porém, obtém-se sozinho, através
de minha interpretação da música.
Mas agora a relação da arte dos sons, para aqueles sempre abertos a
ela, determinam o externo como texto, ação, marcha, dança,
festividade espiritual ou mundana, etc. é análogo à relação com a
arquitetura como apenas bela, quer dizer, sobre a arte direcionada
para fins puramente estéticos aos quais a construção real, que ela
criou, com cujas utilidades, deve, por isso, buscar unir a fins
estranhos, nos quais ela coloca estes sob as condições daquele, mas
intercaladas, e portanto produz assim um templo, palácio, arsenal,
teatro, etc., que é tanto belo em si, quanto seu fim apropriado, e
até este mesmo se faz conhecer, através de suas características
estéticas.
Assim, de modo análogo, apesar da também inevitável serventia, a música tem para o texto, ou qualquer outra coisa, sua realidade
colocada. Ela deve primeiro se unir ao texto, embora ela não necessite dele de modo algum; sim, sem ele, mover-se-ia de modo mais livre: ela deve
porém não apenas adequar cada nota à duração das palavras e
seu significado; mas também, consistentemente, aceitar alguma
homogeneidade com ele e também ao caráter do restante; seu fim
arbitrariamente colocado deve, portanto, ser como música de Igreja,
Ópera, Militar, Música de Dança e semelhantes. Isso tudo, porém,
é tão estranho à sua essência, como os fins utilitários humanos
à pura arquitetura estética, os quais subordinam aos estranhos
fins o conforto e sua qualidade rochosa. À arquitetura, isso é
quase sempre inevitável; à música não é assim: ela move-se livre
em um concerto, na sonata e sobretudo na sinfonia, seu belo viveiro,
sobre o qual ela festeja sua saturnália.
Mas agora está longe no mal caminho sobre o qual nossa música se
encontra, análogo àquele da arquitetura romana gerado pelos últimos
césares, onde, notadamente, a sobrecarga de ornamentos, em parte
esconde, em parte até mesmo desloca, as simples relações
essenciais: eles oferecem, notadamente, muito barulho, muitos
instrumentos, muita arte, mas muito poucos pensamentos essenciais
penetrantes e pungentes. Além disso, encontra-se novamente nas
composições insossas, que não dizem nada e sem melodia dos dias de
hoje, o mesmo gosto de época, daqueles que se deixam gostar dos
escritos obscuros, vacilantes, nebulosos, enigmáticos, e até sem
sentido, cuja origem é encontrada principalmente no miserável
hegelianismo e seu charlatanismo.
Dê-me a música de Rossini, que fala, pois, sem palavras! - Nas
composições contemporâneas exige-se mais da Harmonia que da Melodia: eu sou, porém, de visão contrária e mantenho a Melodia
como o cerne da música, à qual a Harmonia se relaciona, como o
molho para o assado.
"A música expressa o que não pode ser dito em palavras mas não pode permanecer em silêncio." (Victor Hugo)
ResponderExcluirE o que eu estava ouvindo enquanto lia: http://www.youtube.com/watch?v=HSNAy0ML-cg =)