sábado, 12 de novembro de 2011

A música alemã: de Wagner a Wir sind Helden - Parte 1

Conforme escrito em meu "Sobre mim", A música alemã: de Wagner a Wir sind Helden foi uma aula dada por mim como parte do estágio de licenciatura em língua alemã. Nosso grupo resolveu que, em vez de se preocupar com a língua, iríamos falar sobre a cultura alemã, introduzindo uma ou outra curiosidade linguística conforme fosse conveniente. Nossas aulas deram conta de um amplo espectro da cultura e da história alemãs durante o século XX, abrangendo tanto fatos históricos, como as duas Grandes Guerras e a República de Weimar, quanto culturais, a saber, o cinema alemão - que figurava entre os mais importantes do início do século -, o teatro de Brecht e a música, parte que coube a mim.

O título escolhido abrange um pouco mais que o século XX, tomando como início a obra de Wagner e chegando até o século XXI com a música pop cantada em alemão. A pretensão dessa aula não era dar a história detalhada sobre cada compositor, mas sim oferecer um panorama amplo da variedade da música  nos territórios de língua alemã durante esse período.

Em fins do século XIX, após a Unificação em 1871, a música nos territórios de língua alemã encontrava-se dividida em duas vertentes, ou antes colocada sob o signo de dois grandes mestres: Johannes Brahms e Richard Wagner. O primeiro residia em Viena, local considerado centro de uma tradição musical e "capital da valsa", por onde passaram o que na história da música se chama de Primeira Escola de Viena, nome que se refere aos compositores Joseph Haydn, Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven. A música de Brahms era considerada mais conservadora, sendo, porém, segundo Otto Maria Carpeaux, aquela que portava o verdadeiro espírito alemão, herdado de Johann Sebastian Bach entre outros.

Contudo, era Wagner que produzia uma música ideologicamente bastante nacionalista, com suas óperas que exaltavam a tradição e herança pagãs do antigo mundo germânico. Do ponto de vista composicional, Wagner também era um experimentador, utilizando-se bastante do cromatismo e desafiando as fronteiras da música tonal. Eis abaixo, uma cena de Tristan e Isolde, em uma encenação modernizada:


O segundo compositor que destaquei, foi o judeu-austríaco Arnold Schönberg, que, antes de se mudar para os E.U.A., trabalhou no conservatório de Berlin. Auto-didata e conhecedor de um vasto repertório, Schönberg rompeu de vez com a música tonal e lançou uma nova forma de composição: a música dodecafônica ou serial. É uma música bastante diferente e dissonante aos nossos ouvidos, considerada como o expressionismo na música. Sua obra, como um todo, é marcada também por importantes escritos teóricos, com destaque para o Harmonielehre (em português Harmonia, publicado pela editora Unesp). Por fim, Schönberg e seus discípulos mais proeminentes, Alban Berg e Anton Webern, formam o que é conhecido como Segunda Escola de Viena:


Ao romper com o tonalismo, Schönberg abriu caminhos para uma música nova, cujas experimentações foram se tornando cada vez mais radicais. No século XX, com as novas tecnologias, a possibilidade de gravação e reprodução da música por diversos meios, fez com que a música também se desenvolvesse sob diversas formas. Em alguns casos, como no jazz - tipo de música bastante tocado durante a República de Weimar - a música fugia da monotonia, que poderia ser gerada pelas gravações, através da improvisação. Em outros, os próprios meios eletrônicos e de gravação eram usados para compor. O maior expoente dessa música de vanguarda é Karlheinz Stockhausen, que merece dois exemplos bastante diversos de sua música:


A variedade da obra de Stockhausen pode ser contemplada quando ouvimos a peça acima e a obra Stimmung, uma obra somente vocal, lembrando os madrigais e motetos renascentistas, composta de vários "modelos" (partes) e que possui uma certa abertura à improvisação dos intérpretes:


Assim finalizo a parte da música erudita e de vanguarda. No próximo post passamos à música pop alemã, dos anos de 1970 até hoje.

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