terça-feira, 20 de novembro de 2012

A história de Sigurd - Recontada por Andrew Lang


Quando criança, Tolkien se encantava com os variados livros coloridos de contos de fadas de Andrew Lang. Agradava-lhe, especialmente, O livro de contos de fadas vermelho, pois ele continha a versão de Lang de uma das maiores histórias de dragão da literatura do norte, a de Fafnir a partir do antigo nórdico Völsunga Saga. Em 1965, Tolkien disse a um entrevistador: “Dragões sempre me atraíram como um elemento mitológico. Eles parecem ser capazes de abranger juntamente a malícia humana e a bestialidade tão extraordinariamente bem, e também uma espécie de sabedoria maliciosa e astúcia – criaturas aterrorizantes!”
“A história de Sigurd,” como contada por Andrew Lang, apareceu primeiramente em O livro de contos de fadas vermelho (1890).


[Essa é uma história muito antiga: os dinamarqueses, que costumavam lutar com os ingleses nos tempos do rei Alfred, conheciam essa história. Eles entalharam nas rochas figuras de algumas das coisas que acontecem no conto, e esses entalhes ainda podem ser vistos. Porque ela é tão velha e tão bela, a história é contada aqui novamente, mas tem um final trágico – na verdade, ela é toda trágica, e é tudo sobre lutar e matar, como poderia ser esperado dos dinamarqueses.]
Sigurd é chamado de Siegfried nos textos germânicos.


Era uma vez um Rei no Norte, que tinha vencido muitas guerras, mas agora estava velho. Apesar disso, ele tomou uma nova esposa. Então, outro Príncipe, que queria ter casado com ela, veio contra o Rei com um grande exército. O velho rei saiu e lutou bravamente, mas, por fim, sua espada quebrou-se, e ele estava ferido e seus homens fugiram. Porém, durante a noite, quando a batalha estava terminada, sua jovem esposa saiu e procurou por ele entre os mortos, e, por fim, encontrou-o, e perguntou se ele podia ser curado. Mas ele disse: “Não.” Sua sorte tinha-se ido, sua espada estava quebrada, e ele devia morrer. E ele disse a ela que ela teria um filho, e que esse filho seria um grande guerreiro, e iria vingá-lo contra o outro Rei, seu inimigo. E ele pediu a ela para guardar os pedaços da espada quebrada, para fazer uma nova espada para seu filho, e que aquela espada deveria ser chamada Gram.

Então, ele morreu. E sua esposa chamou sua criada e disse:

– Vamos trocar nossas roupas, e você deverá ser chamada pelo meu nome, e eu pelo seu, para que o inimigo não nos encontre.

Assim foi feito, e elas se esconderam numa floresta, mas lá alguns estranhos as encontraram e levaram-nas em um barco para a Dinamarca. E quando elas foram trazidas diante do Rei, ele pensou que a criada parecia-se com uma Rainha, e a Rainha com uma criada. Então, ele perguntou à Rainha:

– Como você sabe, na escuridão da noite, se as horas estão se aproximando da manhã?

E ela disse:

– Eu sei porque quando eu era mais nova, eu costumava ter que levantar e acender o fogo, e eu ainda acordo à mesma hora.

– Uma estranha Rainha para acender o fogo – pensou o Rei.

Então ele perguntou à Rainha, que estava vestida como uma criada:

– Como você sabe, na escuridão da noite, se as horas estão se aproximando do amanhecer?

– Meu pai me deu um anel de ouro – disse ela – e sempre, antes do amanhecer, ele fica mais frio em meu próprio dedo.

– Uma casa rica onde criadas usam ouro – disse o Rei. – Na verdade, você não é uma criada, mas a filha de um Rei.

Assim ele tratou-a com nobreza, e quando chegou o tempo, ela teve um filho chamado Sigurd, um menino bonito e muito forte. Ele teve um tutor para estar com ele, e uma vez o tutor pediu a ele que fosse ao Rei e lhe pedisse um cavalo.

– Escolha um cavalo para você – disse o Rei.

E Sigurd foi à floresta, e lá ele encontrou um velho homem com uma barba branca, e disse:

– Venha! Ajude-me a escolher um cavalo.

Então o velho homem disse:

– Conduza todos os cavalos para o rio, e escolha aquele que conseguir atravessar nadando.

Assim, Sigurd os conduziu, e apenas um nadou através do rio. Sigurd escolheu-o: seu nome era Grani, e ele vinha da linhagem de Sleipnir, e era o melhor cavalo do mundo. Pois Sleipnir era o cavalo de Odim, o Deus do Norte, e era rápido como o vento.

Mas um dia ou dois depois, seu tutor disse a Sigurd:

– Há um grande tesouro de ouro escondido não longe daqui, e você pode ganhá-lo.

Mas Sigurd respondeu:

– Eu tenho ouvido histórias desse tesouro, e eu sei que o dragão Fafnir o guarda, e ele é tão grande e perverso, que nenhum homem ousa chegar perto dele.

– Ele não é maior que outros dragões – disse o tutor – e se você fosse tão corajoso quanto seu pai, você não iria temê-lo.

– Eu não sou um covarde – disse Sigurd – ; porque você quer que eu lute com esse dragão?

Então seu tutor, cujo nome era Regin, contou-lhe que todo aquele grande tesouro escondido de ouro vermelho tinha, uma vez, pertencido ao seu próprio pai. E seu pai tinha três filhos – o primeiro era Fafnir, o Dragão; o seguinte era Otter, que podia se transformar em uma lontra quando quisesse; e o próximo era ele mesmo, Regin, e ele era um grande ferreiro e fazedor de espadas.

Porém, havia um anão chamado Andvari, que vivia em um lago sob uma queda d'água, e lá ele tinha escondido uma grande reserva de ouro. E, um dia, Otter estava pescando lá, e ele matou um salmão e o comeu, e estava dormindo, como uma lontra, sobre uma pedra. Então chegou alguém e jogou uma pedra na lontra e a matou, e esfolou a pele e a levou para a casa do pai de Otter. Então ele soube que seu filho estava morto, e para punir a pessoa que o tinha matado, ele disse que deveria ter a pele de Otter cheia de ouro e toda recoberta com ouro vermelho, ou as coisas iriam piorar para ele. Então a pessoa que tinha matado Otter, saiu e pegou o Anão, que possuía o tesouro e tomou-o dele.

Somente um anel foi deixado, que o Anão usava, e até mesmo esse anel foi tomado dele.

Então o pobre Anão ficou muito nervoso, e ele rogou que o outro não traria nada além de má sorte para todos os homens que pudessem possuí-lo, para sempre.

Então a pele de lontra foi enchida com outro e coberta com ouro, tudo exceto um pelo, e este foi coberto com o último anel do pobre Anão.

Mas isso não trouxe boa sorte para ninguém. Primeiro Fafnir, o dragão, matou seu próprio pai, e então se foi e se enfiou sobre o ouro, e não deixou que seu irmão tivesse nada, e nenhum homem ousava chegar perto.

Quando Sigurd ouviu a história, disse a Regin:

– Faça-me uma espada, que eu possa matar esse Dragão.
Assim, Regin fez uma espada, e Sigurd experimentou-a com um golpe em um pedaço de ferro, e a espada quebrou.

Ele fez outra espada, e Sigurd quebrou-a também.

Então Sigurd foi até sua mãe e pediu pelos pedaços quebrados da lâmina de seu pai, e deu-os a Regin. E ele martelou e forjou-os em uma nova espada, tão afiada que parecia que fogo queimava ao logo de suas bordas.

Sigurd experimentou essa espada sobre o pedaço de ferro, e ela não quebrou, mas dividiu o ferro em dois. Então ele jogou uma mecha de lã no rio, e enquanto ela flutuava rio abaixo contra a espada, ela foi cortada em duas partes. Assim, Sigurd disse que a espada servia. Mas antes que ele fosse contra o Dragão, ele conduziu um exército para lutar contra os homens que tinham matado seu pai, e ele matou seu Rei, e tomou todas as suas riquezas, e voltou para casa.

Quando ele estava em casa há poucos dias, ele cavalgou com Regin, numa manhã, para a charneca onde o Dragão costumava se deitar. Então ele viu a trilha que o Dragão fazia quando ele ia até a borda para beber, e a trilha era como se um grande rio tivesse passado por ali e deixado um vale profundo.

Então, Sigurd desceu para dentro do lugar profundo e cavou muitas covas nele, e deitou-se escondido em uma delas com sua espada em punho. Lá ele esperou, e passado pouco tempo a terra começou a tremer com o peso do Dragão, enquanto ele se rastejava para a água. E uma nuvem de veneno fluia a sua frente, enquanto ele bufava e rosnava, de modo que seria a morte ficar diante dele.

Mas Sigurd esperou até que metade dele tivesse rastejado sobre a cova, e então ele empurrou a espada Gram em cheio coração.

Então o dragão se chicoteou com sua cauda até que pedras quebraram e árvores se espatifaram sobre ele.

Então ele falou, enquanto morria, e disse:

– Qualquer que sejas tu que mataste-me, esse ouro deverá ser tua ruína, e a ruína de todos os que o possuírem.

Sigurd disse:

– Eu não tocarei em nada disso se ao perdê-lo eu não pudesse nunca morrer. Mas todos os homens morrem, e nenhum homem corajoso deixa que a morte o assuste para além de seu desejo. Morre tu, Fafnir.

E então, Fafnir morreu.

E depois disso, Sigurd foi chamado de “A Ruína de Fafnir”, e matador de dragões.

Então, Sigurd cavalgou de volta e encontrou Regin, e Regin pediu para assar o coração de Fafnir e deixar prová-lo.

Assim, Sigurd colocou o coração de Fafnir em uma estaca, e assou-o. Mas acontece que quando ele tocou o coração com seus dedos, ele o queimou. Então ele colocou os dedos na boca e, assim, provou o coração de Fafnir.

Então, imediatamente, ele entendeu a linguagem dos pássaros, e ele ouviu os pica-paus dizerem:

– É Sigurd assando o coração de Fafnir para outro, quando ele deveria saborear ele próprio e apreender toda a sabedoria.

O próximo pássaro disse:

– Lá está Regin, pronto para trair Sigurd, que confia nele.

O terceiro pássaro disse:

– Deixe-o cortar fora a cabeça de Regin, e manter todo o ouro para si mesmo.

O quarto pássaro disse:

– Deixem-no fazer isso, e então cavalgar para Hindfell, para o lugar onde Brynhild dorme.
Quando Sigurd ouviu tudo isso, e como Regin estava tramando traí-lo, ele cortou fora a cabeça de Regin com um único golpe de sua espada Gram.

Então todos os pássaros irromperam cantando:

“Conhecemos uma bela,
a donzela adormecida;
Oh, Sigurd não tenha medo
Sigurd, tu a vencerás
A Fortuna é garantida.

“Alto, sobre Hindfell
Flameja o fogo vermelho,
É lá que mora a donzela,
que bem deverá amá-lo.
Ache-a para a conquista.

“Lá ela deve dormir
até tu vir despertá-la
Levanta-te e vá já
Segura irá bem jurar
Seu voto não vai quebrar.”

Então Sigurd lembrou-se de uma história que dizia que em algum lugar, muito distante, havia uma bela dama encantada. Ela estava sob um feitiço, de modo que ela deveria dormir para sempre em um castelo rodeado por chamas flamejantes; lá ela deveria dormir para sempre até que viesse um cavaleiro que cavalgaria através do fogo e a acordaria. Para lá ele decidiu ir, mas primeiro desceu direto à horrível trilha de Fafnir. E Fafnir tinha vivido em uma caverna com portas de ferro, uma caverna cavada profundamente terra abaixo, e cheia de braceletes de ouro, e coroas, e anéis; e lá, também, Sigurd encontrou o Elmo do Terror, um elmo dourado, e qualquer que o usasse ficava invisível. Tudo isso ele amontoou nas costas de seu bom cavalo Grani, e então cavalgou para o sul, rumo a Hindfell.

Era noite e, no topo da colina, Sigurd viu um fogo vermelho ardendo em direção ao céu, e, dentro das chamas, um castelo, e uma bandeira na torre mais alta. Então ele colocou o cavalo Grani junto ao fogo, e ele saltou suavemente através das chamas, como se fosse através de uma urze. Assim, Sigurd entrou pela porta do castelo, e lá ele viu alguém dormindo, vestida toda em armadura. Então ele retirou o elmo da cabeça da dama adormecida e contemplou, ela era a mais bela das damas. E ela acordou e disse:

– Ah! É Sigurd, filho de Sigmund, que quebrou a maldição e veio aqui para enfim me acordar?

Essa maldição caiu sobre ela quando o espinho da árvore do sono entrou em sua mão há muito tempo como uma punição porque ela tinha desagradado Odim, o Deus. Há muito tempo, também, ela tinha feito o voto de nunca se casar com um homem que conheceu o medo, e não ousasse cavalgar através da cerca de chamas ardentes. Pois ela era uma donzela guerreira, e ia armada para a batalha como um homem. Mas agora, ela e Sigurd se amavam, e prometeram ser verdadeiros um com o outro, e ele deu a ela um anel, e esse era o último anel tomado do anão Andvari. Então, Sigurd cavalgou para longe e chegou a casa de um Rei, que tinha uma bela filha. Seu nome era Gudrun, e sua mãe era uma bruxa. Ora Gudrun se apaixonou por Sigurd, mas ele estava sempre falando de Brynhild, de como ela era bonita e quão querida. Então, um dia, a bruxa, mãe de Gudrun, colocou drogas de esquecimento e papoula em um copo mágico, e pediu a Sigurd que bebesse à sua saúde, e ele bebeu, e instantaneamente esqueceu a pobre Brynhild e amou Gudrun, e eles foram casados com grande júbilo.

Ora a bruxa, mãe de Gudrun, queria que seu filho Gunnar se casasse com Brynhild, e ela pediu-lhe que saísse com Sigurd e fosse cortejá-la. Assim sendo, eles cavalgaram para a casa do pai dela, pois Brynhild tinha desaparecido da mente de Sigurd por causa do vinho da bruxa, mas ela se lembrava dele e ainda o amava. Então o pai de Brynhild disse a Gunnar que ela não se casaria com ninguém a não ser com aquele que pudesse cavalgar pelas chamas em frente de sua torre encantada, e para lá ele cavalgou, e Gunnar colocou seu cavalo junto às chamas, mas ele não enfrentaria isso. Então Gunnar tentou Grani, o cavalo de Sigurd, mas ele não se moveu com Gunnar em suas costas. Então Gunnar se lembrou de um feitiço que sua mãe lhe havia ensinado, e por essa mágica ele fez Sigurd se parecer exatamente como ele mesmo, e ele se parecia exatamente como Gunnar. Então, Sigurd, na forma de Gunnar e em sua armadura, montou em Grani e Grani saltou a cerca de fogo, e Sigurd entrou e encontrou Brynhild, mas ele não se lembrava ainda, por causa da poção do esquecimento no copo de vinho da bruxa.

Agora Brynhild não tinha saída além de prometer que ela seria sua esposa, a esposa de Gunnar como ela supunha, pois Sigurd estava na forma de Gunnar, e ela tinha jurado casar com qualquer um que cavalgasse pelas chamas. E ele deu a ela um anel, e ela deu-lhe de volta o anel que ele tinha dado a ela antes, em sua própria forma de Sigurd, e esse era o último anel do pobre anão Andvari. Então ele saiu novamente, e ele e Gunnar trocaram as formas, e cada um era si mesmo novamente, e eles voltaram para a casa da Rainha Bruxa, e Sigurd deu o anel do anão para sua esposa, Gudrun. E Brynhild foi ao seu pai e disse que um Rei tinha vindo, chamado Gunnar, e cavalgado através do fogo e ela deveria se casar com ele:

– Porém, eu acho, – ela disse – que nenhum homem poderia ter realizado esse feito exceto Sigurd, a Ruína de Fafnir, que era meu verdadeiro amor. Mas ele me esqueceu, e minha promessa, eu devo manter.

Assim, Gunnar e Brynhild foram casados, embora não fosse Gunnar, mas Sigurd na forma de Gunnar, que cavalgou pelo fogo.

E quando o casamento tinha acabado e todos os festejos, então a mágica do vinho da bruxa saiu do cérebro de Sigurd, e ele se lembrou de tudo. Ele lembrou como ele libertou Brynhild do encantamento, e como ela era seu próprio verdadeiro amor, e como ele tinha esquecido e tinha se casado com outra mulher, e ganhado Brynhild para ser a esposa de um outro homem.

Mas ele era forte e não disse uma palavra disso para os outros para fazê-los infelizes. Todavia, ele não poderia manter afastado a maldição que deveria cair sobre todos que possuíssem o tesouro do anão Andvari, e seu anel de ouro fatal.

E a maldição logo recaiu sobre eles. Pois um dia, quando Brynhild e Gudrun se banhavam, Brunhild avançou longe no rio, e disse que tinha feito isso para mostrar que era superior a Gudrun. Pois seu marido, ela disse, tinha cavalgado através das chamas, quando nenhum outro ousou enfrentar isso.

Então, Gudrun ficou muito brava e disse que era Sigurd, não Gunnar, que tinha cavalgado pelas chamas, e tinha recebido de Brynhild aquele anel fatal, o anel do anão Andvari.

Então Brynhild viu o anel que Sigurd tinha dado para Gudrun, e ela soube disso e soube de tudo, e tornou-se pálida como uma mulher morta, e foi para casa. Toda aquela noite ela não falou. No dia seguinte, ela disse a Gunnar, seu marido, que ele era um covarde e um mentiroso, pois ele nunca tinha cavalgado pelas chamas, mas tinha mandado Sigurd para fazer isso por ele, e fingido que ele tinha feito aquilo ele mesmo. E ela disse que ele nunca mais a veria alegre naqueles salões, nunca beberia vinho, nunca jogaria xadrez, nunca bordaria com fios de ouro, nunca diria palavras de gentileza. Então, ela fez todos os seus bordados em pedaços e chorou alto, de modo que todos na casa a ouviam. Pois seu coração estava quebrado, e seu orgulho foi quebrado na mesma hora. Ela tinha perdido seu verdadeiro amor, Sigurd, o assassino de Fafnir, e tinha se casado com um homem que era um mentiroso.

Então, Sigurd veio e tentou confortá-la, mas ela não ouviria, e disse que desejava uma espada fincada rápida em seu coração.

– Não há muito o que esperar, – ele disse – até que a amarga espada se finque rápido em meu coração, e tu não viverás muito tempo, quando eu estiver morto. Mas, querida Brynhild, viva e seja confortada, e ame Gunnar, teu marido, e eu darei a ti todo o ouro, o tesouro do dragão Fafnir.

Brynhild disse:

– É tarde demais.

Então, Sigurd ficou tão entristecido e seu coração tão inchado em seu peito que ele estourou os anéis de aço de sua camisa de malha.

Sigurd saiu e Brynhild decidiu matá-lo. Ela misturou veneno de serpente e carne de lobo, e ofereceu-os em um prato ao irmão mais novo de seu marido, e quando ele tinha acabado de comer, ele estava louco, e ele foi ao quarto de Sigurd enquanto ele dormia e cravou-o à cama com uma espada. Mas Sigurd acordou, e pegou a espada Gram em sua mão, e atirou-a no homem, enquanto ele fugia, e a espada o cortou em dois. Assim morreu Sigurd, Ruína de Fafnir, quem nem dez homens poderiam ter matado em uma luta justa. Então, Gudrun acordou e viu-o morto, e ela gemeu alto, e Brynhild ouviu-a e riu; mas o gentil cavalo Grani deitou-se e morreu do próprio pesar. E então Brynhild caiu em choro até que seu coração quebrou-se. Assim, eles vestiram Sigurd em toda sua armadura dourada, e construíram uma grande pilha de madeira a bordo de seu barco, e à noite deitaram nele o corpo de Sigurd e o corpo de Brynhild, e o bom cavalo, Grani, e atearam fogo, e lançaram o barco. E o vento levou-o em chamas pelo mar, flamejando trevas adentro. Assim, Sigurd e Brynhild queimaram juntos, e a maldição do anão Andvari foi completada.

Fonte: LANG, Andrew, "The Story of Sigurd." In: ANDERSON, Douglas A. Tales Before Tolkien: The Roots of Modern Fantasy. New York: Ballantine Books, 2005.

NOTA: Esse texto fez parte do curso Curso de difusão do conhecimento: "Uma outra Literatura: Literatura fantástica e de fantasia dos séculos XIX e XXI".

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